Ângela Ferreira
Kanimambo, palavra do crioulo moçambicano que significa "Obrigado", constitui uma homenagem a todos os trabalhadores que participaram na construção da Expo'98. Lembrando um Parque Infantil, este conjunto de estruturas remete-nos para a ideia de estaleiro de construção civil. É constituído por uma bica em betão, para onde uma mangueira pendente deixa escorrer água; duas mesas com bancos corridos, semelhantes às bancadas para refeição construídas pelos operários e, por último, uma estrutura ambígua próxima de uma parede que dá a ideia de um andaime.
Nascida na ex-colónia de Moçambique, Ângela Ferreira - artista contemporânea multifacetada - estudou na África do Sul e viveu em Portugal e na África do Sul desde o início da década de 90. A sua vivência no continente africano marca profundamente a sua obra, através de leituras irónicas e autobiográficas. Questões como a geopolítica encontram-se entre os principais pontos de partida e reflexão dos seus trabalhos.
Recorrendo a uma variedade de técnicas que vão desde a fotografia e vídeo, até à instalação e escultura, onde amiúde utiliza materiais da construção civil, a sua prática artística encontra referências na arte modernista, na arte minimal e em práticas desconstrutivistas.
A proposta crítica dos seus objectos não é imediata, permanecendo subtilmente abaixo da superfície das suas esculturas esteticamente atraentes, oferecendo um espaço entre o objecto e a política, um espaço para ser ocupado pelo espectador.