Jorge Vieira
Escultura monumental inspirada no Sol, de estrutura vagamente antropomórfica, ao longo da qual ascendem formas angulosas de hastes e meias-luas, evocando uma figura humana. Tem cerca de 20 metros, 15 toneladas e óxido de ferro como cor final.
"Homem-Sol" é uma espécie de testamento-síntese da obra que Jorge Vieira criou ao longo de uma carreira de cerca de 50 anos, congregando a simbiose surrealista com a abstracção pura, o esquematismo primitivista com a exploração tridimensional.
Jorge Ricardo da Conceição Vieira nasceu em Lisboa, a 16 de Novembro de 1922 e morreu em Évora em 1998. Desenvolveu um percurso artístico marcado pelo primitivismo, abstracção e surrealismo.
Fez a sua formação na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Começou por frequentar o curso de Arquitectura, mudando, pouco depois, para o de Escultura. Ainda estudante, participou nas Exposições Gerais de Artes Plásticas (1947 e 1951) e aproximou-se do Surrealismo.
A passagem pela Slade School of Arts em Londres desempenhou um papel fundamental na sua formação, porque lhe proporcionou um contacto directo com grandes nomes da escultura como Henry Moore, Reg Butler, entre outros. Para além disso, viajou pela Europa, tendo tido contacto com a arte de Picasso, Arp, Max Ernst e Victor Brauner.
De regresso a Portugal, Jorge Vieira desenvolveu uma colaboração discreta mas regular com arquitectos (Frederico George, Conceição e Silva, Daciano Costa), realizando relevos ou esculturas decorativas para vários edifícios (na Av. Infante Santo, em Lisboa, 1957; portões da agência bancária Fonsecas & Burnay, no Chiado, em 1959; painéis decorativos para a estação de metro do Saldanha, em Lisboa, 1996).
Realizou a sua primeira exposição individual, em 1949 (SNBA, Lisboa). Desde então, participou em mostras nacionais e internacionais de escultura e artes plásticas, foi premiado nas exposições de artes plásticas organizadas pela Fundação Calouste Gulbenkian (1957 e 1961) e representou Portugal na 2.ª Bienal de São Paulo (1953).
Nos anos 50, Jorge Vieira teve o seu primeiro reconhecimento fora de Portugal ao ser premiado num concurso de grande relevo internacional, dedicado ao" Prisioneiro Político Desconhecido". Este concurso, promovido pelo Institute of Contemporary Arts de Londres, contou com a participação de várias dezenas de artistas de diversas nacionalidades. Jorge Vieira foi o único artista português admitido a concurso, obtendo um segundo prémio que lhe permitiu participar na exposição exibida na famosa Tate Gallery.
Todo este destaque internacional não foi suficiente para o artista conseguir desenvolver projectos de escultura pública, excepto alguns conjuntos escultóricos para lojas, instituições, universidades e entidades bancárias (alguns desses trabalhos foram destruídos ou estão desaparecidos). Só a partir da década de 90, desenvolve um conjunto de encomendas públicas de grande monumentalidade, como é o caso da escultura de final de carreira que se encontra no Parque das Nações.