Pedro Proença

Monstros marinhos

Calçada portuguesa com carácter fantástico que configura imagens de monstros marinhos, tal como surgem em livros medievais.

Pedro Proença nasceu em 1962, em Lubango, Angola. Considerado um dos artistas mais notáveis da arte contemporânea portuguesa, começou desde muito cedo a desenhar, dedicando-se, com apenas 13 anos, à banda desenhada. Frequentou o curso de artes da Sociedade Nacional de Belas-Artes e a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.

A sua primeira exposição foi em 1984, seguida de importantes participações em exposições individuais e colectivas em Portugal e no estrangeiro. Participa igualmente nas exposições do grupo "Homeostéticos", do qual foi elemento fundador, em conjunto com Xana, Manuel Vieira e Pedro Portugal.

Os seus primeiros trabalhos foram realizados a lápis e cera sobre suportes de pequeno formato, denunciando a preferência dada ao desenho em detrimento da pintura. A partir do final dos anos 80, desenha a pincel ou a pena, representando figurações humanas de carácter alegórico e mítico, muito próximas do imaginário greco-latino, combinadas ironicamente com ornamentos complexos de evocação maneirista e barroca.

Este léxico pessoal de imagens e alegorias surge aplicado em grandes superfícies de cores lisas, associado a ornamentos que compartimentam o espaço. Troncos, raízes, caules ou simples linhas ocupam a base das telas ou aparecem tratados isoladamente, confrontando-se com os signos que ocupam a maior parcela do espaço pictórico.

O aspecto gráfico da obra de Pedro Proença é ainda acentuado pela convivência de zonas de cromatismo tonal áspero com zonas totalmente lisas, onde também aparecem pontualmente palavras associadas ao desenho esquemático. Nos últimos anos, este autor tem investido na área da instalação, inscrevendo os seus desenhos no espaço disponível das zonas de exposição. A instalação realizada na sede da Fundação Calouste Gulbenkian valeu a este artista o Prémio União Latina de Pintura em 1994.

Expôs um pouco por todo o mundo e nos anos 1990 dedicou-se também à ilustração, tendo colaborado em revistas infantis e ilustrado livros da mais diversa índole e autores como Camões ou Saramago. Publicou livros da sua autoria de poesia, ficção, ensaio e “tipografia”. Segundo o ilustrador, «um certo ar cómico é a maneira de falar de coisas sérias”, algo que se encontra reflectido nas ilustrações que tem desenvolvido até aos dias de hoje.